Pit Bull? Só existe um 👉 o verdadeiro American Pit Bull Terrier
Introdução
Poucas raças no mundo são tão mal compreendidas quanto o Pit Bull. Para alguns, ele é um “tipo” de cachorro bravo, forte e sem definição exata. Para outros, é qualquer cão musculoso, de porte médio a grande, com cara de mau. Essa confusão não é à toa: criadores oportunistas, falta de informação e até interesses comerciais ajudaram a espalhar uma falsa ideia de que existem vários “tipos de Pit Bull”. A verdade é direta: Pit Bull não é apelido, nem guarda-chuva de raças. Só existe um: o American Pit Bull Terrier (APBT).
O que define o American Pit Bull Terrier?
O American Pit Bull Terrier é uma raça pura, com pedigree oficial e padrões escritos por clubes sérios. Os dois principais são:
- UKC (United Kennel Club), fundado em 1898 nos Estados Unidos.
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ADBA (American Dog Breeders Association), criada em 1909 com foco exclusivo no Pit Bull.

Essas entidades estabeleceram padrões que definem altura, peso, proporções e temperamento do APBT. De acordo com eles:
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Altura média: 43 a 53 cm na cernelha.
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Peso médio: entre 15 e 27 kg.
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Estrutura atlética, musculatura definida, peito profundo, membros fortes.
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Cabeça proporcional ao corpo, focinho médio, orelhas naturais e caídas no formato de rosa.
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Temperamento equilibrado, inteligência alta, coragem e tenacidade.
Se um cão foge muito disso, não é APBT é outra raça, ou no máximo um mestiço.
Por que tanta confusão?
O termo “Pit Bull” virou moda e acabou sendo usado de forma genérica para todo cachorro que lembra a raça. A mídia ajudou a reforçar isso, colando no nome Pit Bull qualquer caso de ataque, mesmo quando o animal envolvido não tinha nada a ver com a raça. Além disso, alguns fatores alimentam o erro:
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Confusão visual: cães de raças diferentes podem lembrar o Pit Bull.
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Sites e blogs superficiais: muita informação errada é reproduzida sem checagem.
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Má interpretação de padrões: muitos leem os documentos oficiais sem base em cinofilia.
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Falta de conhecimento técnico: o público em geral não sabe diferenciar um pedigree legítimo de um papel qualquer.
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Interesse comercial: vender um mestiço como Pit Bull atrai mais compradores.
O resultado é um emaranhado de “tipos” que só existem no discurso popular, não na realidade da raça.
Raças que vivem na sombra do Pit Bull
Várias raças acabam recebendo o rótulo de Pit Bull simplesmente por terem semelhanças físicas. Entre elas:
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American Staffordshire Terrier (Amstaff)
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Staffordshire Bull Terrier
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American Bully
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Bulldog Americano
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Dogo Argentino
Todas têm suas histórias próprias, com padrões distintos. Algumas compartilham ancestrais com o APBT, mas isso não as torna Pit Bulls. Chamar qualquer uma delas de “tipo de Pit Bull” é como chamar um Pastor Alemão de “tipo de Husky” só porque ambos têm orelhas em pé.
O Pit Bull tradicional e o “moderno”
Dentro do próprio universo do APBT existe uma divisão importante.
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O Pit Bull tradicional é aquele preservado em linhagens antigas, criadas para desempenho (lutas) e coragem. Herdou do passado a característica mais emblemática da raça: o gameness, a disposição de seguir até o fim em qualquer tarefa. Esse é o verdadeiro espírito do APBT.
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O Pit Bull moderno que surgiu também a partir de linhagens antigas, mas que foram sendo usadas em exposições e esportes como weight pulling. Continua sendo APBT registrado, mas já não carrega o mesmo foco funcional.
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O chamado “Pit Monster” é fruto de cruzamentos recentes, fora de padrão, criados muitas vezes só para impressionar pelo tamanho. Alguns são até registrados como Pit Bull em certas entidades, mas na prática não têm nada a ver com o APBT legítimo.
O problema dos registros nacionais
No Brasil, a CBKC (Confederação Brasileira de Cinofilia) é uma entidade reconhecida pela FCI, mas não pelo UKC nem pela ADBA. Isso abriu espaço para registros frágeis: cães de outras raças ou mestiços são registrados como Pit Bull sem critério técnico. Para quem entende da raça, isso é um erro grave.
Quem busca autenticidade deve exigir pedigrees internacionais confiáveis, especialmente os do UKC e da ADBA. Sem isso, o risco de ser enganado é enorme.
Breve história do APBT
As origens do APBT remontam à Inglaterra do século XIX, quando antigos Bulldogs eram cruzados com Terriers para criar cães ágeis, fortes e resistentes. Com a migração desses animais para os Estados Unidos, a seleção ficou mais rigorosa, e em 1898 o UKC oficializou o nome American Pit Bull Terrier.
Já em 1909, a ADBA nasceu com o propósito exclusivo de manter registros e preservar as qualidades originais da raça. Desde então, o APBT construiu sua reputação como cão atlético, determinado e fiel. Sua história é marcada por polêmicas, mas também por conquistas em esportes, provas de resistência e como companheiro leal.
Como reconhecer um APBT legítimo
Para quem deseja ter um American Pit Bull Terrier de verdade, alguns cuidados são indispensáveis:
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Exigir pedigree UKC ou ADBA. Esses são os únicos registros internacionais confiáveis para a raça.
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Observar o padrão físico. Cães exagerados em tamanho ou com proporções fora da faixa provavelmente não são APBT.
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Desconfiar de “papéis” fáceis. Nem todo documento é prova de pureza.
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Conhecer o criador. Bons criadores preservam linhagens, estudam genealogia e respeitam o padrão histórico.
Conclusão
Pit Bull não é um apelido qualquer, nem um saco onde cabe todo cachorro forte e musculoso. Só existe um: o American Pit Bull Terrier.
Respeitar esse nome é respeitar a história, a genética e a tradição de uma das raças mais icônicas e injustiçadas do mundo.
Se é outro cão, que seja chamado pelo nome que lhe pertence. Mas Pit Bull, de verdade, só tem um.














